segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Paixão e morte de Narciso - 2h34m


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Narciso era filho do rio Cefiso com a ninfa Liríope (voz macia como um lírio). Há aí um simbolismo relativo a água, que no sentido de rio escoa e leva fertilidade. São diversos os filhos das águas de rios e mares, até por suas energias naturais.
Bem, Liríope foi vítima da insaciável energia do rio Cefiso, pois ninfa alguma passaria incólume por suas margens. Assim nasce Narciso com uma beleza fora do comum, tanta que assustava, pois competia com a beleza dos deuses do Olimpo. E tamanha beleza era uma outorga do divino, Narciso vangloriava-se de um dom que não o pertencia. Liríope preocupada com seu filho Narciso, consulta um profeta grego. -Narciso viveria muitos anos? A resposta foi “se ele não se vir”. Isto é, se ele nunca ver seu reflexo, sua imagem.
Muitas ninfas eram apaixonadas por Narciso. A ninfa Eco era uma delas. Certa vez Narciso passeando com seus amigos se distanciou do grupo, assim começou a gritar, os chamando. Eco aproveitando repetia tudo o que o jovem Narciso gritava.
Narciso: Olá, ninguém me escuta?
Eco: Olá, ninguém me escuta?
Narciso: Vem cá. Por que me foges?
Eco: Vem cá. Por que me foges?
Narciso: Juntemo-nos aqui.
Eco: Juntemo-nos aqui.
Eco corre em direção a Narciso. Ele foge e diz: Morrerei, que o amor nos una. Eco repete: que o amor nos una.
Eco repelida por Narciso, se isola, para de comer e definha. Torna-se num rochedo capaz de repetir os sons que se diz. As demais ninfas, irritadas com Narciso, o condenam a amar um amor impossível.
Narciso, sedento, vai a límpida fonte de Téspias matar a sede. Debruça-se sobre o espelho dágua, vê e se apaixona por sua própria imagem. Paralisado, como uma estátua de mármore, contempla seu rosto. Deseja a si mesmo. Inspira, ele mesmo os ardores que sente. Lança beijos as ondas enganadoras do reflexo de sua imagem. Tenta inutilmente pegar sua beleza com as mãos. Busca, em vão, uma imagem fugitiva. O que quer não existe sem o outro para reconhecer. Apaixonado por si próprio morre de amor. Procuram-lhe o corpo: havia apenas uma delicada flor amarela e branca, um narciso.
Narciso – narcose, sono gerado por narcótico
Flor de Narciso – bonita, estéril e venenosa – como a paixão de Narciso por si mesmo. Em túmulos simbolizam que a morte é um sono.

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