sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Não foi por falta de pedir que não dormi

 

Oi oi oi

Um dois

Um dois três

Estou louco de sono

Mas vou ficar acordado essa noite

Esperando meu amor voltar

Ela disse que mesmo eu não sendo tudo aquilo sou tudo isso

Nesta última noite não dormi nada

Flutuei na corda de minha forca

A força da minha vida resistiu ao nó de nós

Sei que ando insistindo esse ano

Resistindo

Sigo não dormindo

Era meia noite e o dia já amanhecia em minha natural instinta vida

E eu vi o sol brilhando na lua, na rua

Quis beijar o queijo disfarçado de coco ralado

Mas nada apagava minha agonia

Liguei a Tv até ver o sol na janela nascer

E por trás do céu outro dia vinha e eu ali fritando de lado alado

E não há nem haveria alguém que riria de minha agonia

Um balde de água fria e segui ao primeiro trocado trocado por uma bem gelada

Estranho estou acordado de novo mesmo sem ter nunca dormido

Estou tentando não ser tão estranho para que nenhum estanho entre nessa minha cabeça tamanha

Meu coração não bate nem apanha

Da minha vida ele faz um barulho

Uma voz que sou eu mesmo dizendo

Eu sou um indivíduo indivisível e indivisível e risível e natural mente incrível por isso não durmo tanto para aproveitar-me de mim

Fim

quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Diferença em se matar e morrer um vírus invisível me fez ver isso


 

Estou matando um eu que há ou houve em mim

Ou

Está morrendo um eu que há e houve em mim

Cem perguntas

Cem respostas

Ouço ainda meus gozos de meus prazeres cobrando tantos gemidos

Ainda gemo em busca de remédio para o que sinto 

Estou na fossa da merda de vida que levava e me achava

Os sussurros de meus grunhidos burros ainda urro

Escuto o que vejo em meu espelho

Minha cara na sarjeta apanhando do sargento sardento

Pimenta malagueta ardendo em minha garganta

O estouro em meu ouvido é do tapão do carma vindo

Estou ainda ouvindo o que está vindo

Ouço minha mente desmentindo

O que tanto acreditava

Adolescência programada

Minha demência não reza minha inocência

Estou pagando o preço de ter sido da vida um adereço

O mundo é meu endereço

Assumo

Meu sumo sou eu em suprassumo

Esquisito estou sentindo isso

O peso do mundo

Um vírus invisível me fez ver isso

Que o abominável mundo novo que está vindo é consequência de meus atos

E o remédio soma mais dor do que anestésico e multiplica mais minha dor

Diferente do que procurava encontrei

E sei que as pessoas por mais boas que sejam não gostam de ler

E meu remédio é escrever

E  teimo em escrever pra descrever o caminho que faço

Mas chega um tempo em que o caminho afunila

E forma uma fila

E...

O que fazer com o que aprendi até aqui?

Sou aquela cria que rança desde o adolescer

E agora ao envelhecer se ver

Reclama que não quer dormir numa cama feita por quem não reclama

Chega ao apagar da chama 

A morte chama e ascende

Ui dói

Mas não reclamo tanto

Amo tanto

Vendo um outro sol nascer no pôr do sol

Eu e só