quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Diferença em se matar e morrer um vírus invisível me fez ver isso


 

Estou matando um eu que há ou houve em mim

Ou

Está morrendo um eu que há e houve em mim

Cem perguntas

Cem respostas

Ouço ainda meus gozos de meus prazeres cobrando tantos gemidos

Ainda gemo em busca de remédio para o que sinto 

Estou na fossa da merda de vida que levava e me achava

Os sussurros de meus grunhidos burros ainda urro

Escuto o que vejo em meu espelho

Minha cara na sarjeta apanhando do sargento sardento

Pimenta malagueta ardendo em minha garganta

O estouro em meu ouvido é do tapão do carma vindo

Estou ainda ouvindo o que está vindo

Ouço minha mente desmentindo

O que tanto acreditava

Adolescência programada

Minha demência não reza minha inocência

Estou pagando o preço de ter sido da vida um adereço

O mundo é meu endereço

Assumo

Meu sumo sou eu em suprassumo

Esquisito estou sentindo isso

O peso do mundo

Um vírus invisível me fez ver isso

Que o abominável mundo novo que está vindo é consequência de meus atos

E o remédio soma mais dor do que anestésico e multiplica mais minha dor

Diferente do que procurava encontrei

E sei que as pessoas por mais boas que sejam não gostam de ler

E meu remédio é escrever

E  teimo em escrever pra descrever o caminho que faço

Mas chega um tempo em que o caminho afunila

E forma uma fila

E...

O que fazer com o que aprendi até aqui?

Sou aquela cria que rança desde o adolescer

E agora ao envelhecer se ver

Reclama que não quer dormir numa cama feita por quem não reclama

Chega ao apagar da chama 

A morte chama e ascende

Ui dói

Mas não reclamo tanto

Amo tanto

Vendo um outro sol nascer no pôr do sol

Eu e só

 

 

 


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