terça-feira, 3 de maio de 2016

Abolicionistas mentais


Presos nos elos de uma só cadeia
A multidão faminta cambaleia
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece
Outro, de martírios embrutece
Cantando, o povo geme e ri!
Fatalidade atroz que o pensar esmaga!
Extingue-se nesta hora o que nos obriga a não brigar
A viver sem questionar esse brique imundo do mundo
O trilho que nos faz a vida sem brilho que descarrile
Abriu a vigia
Com nossa íris vemos ao longe o arco-íris
A infâmia é demais!
Levantemos heróis do Novo Mundo!
Arranquemos a indignação, a desprendamos nos ares!
Abramos portas ao nos questionarmos
Povo! Povo infeliz! Povo, mártir eterno
Somos do cativeiro o Prometeu moderno...
E cruzamos os braços... Por covardia?
E nem murmuramos... Por hipocrisia?

— É preciso esperar... dizes
Esperar? Mas o quê?
Basta! A hora soa...
Nossa voz revoa
Por nós clama
A nova geração rompe da terra
Se pobre, que importa? Sejamos livres e gigantes nessa liberdade
Ó gente, despertai... Não curvemo-nos a fronte
Já falta bem pouco. Saiamos do não pensar nos porquês dessa cadeia
A luz da alvorada de um dia melhor nos ladeia
Peguemos este peso nas costas
Levantemos o madeiro juntos e ombro a ombro saiamos desses escombros 
E você que é Poeta... Rompa os ares
Cruze a serra, o vale, os mares
Deus ao chão não nos amarrou!
Somos livres!
                                                                         End entend

*Castro Alves, é eterno e então atual. Agradeço ao éter que nos lega-o

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