quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

E no fim dou eu




Manda mais uma
Vou me detonar esta noite
Pois é hoje que eu não trabalho amanhã
É que minhas lágrimas de acordar para fazer o que não quero me afogam
A lei que o sol tem
A de sempre amanhecer
E fazer com que eu tenha que acordar
Ainda mais
Trabalhar no que não quero
Me phode
Faz com que eu não queira durar sem anos
Assim, pra que?
Pra contar o que viveram e eu não vivi
Quero é contar o que vivo

Insensível a mim estou
Não escuto minha voz íntima
É que a pressão das contas
Faz-me amassar-me
E não amar-me
Tranqueiras
Tenho que livrar-me dessa vida imposta de impostos
Não quero mais acordar sem vontade de viver
Eu tenho que procurar uma vida
A minha
A a que vim
Tenho que livrar-me das preocupações
Dessas que não me trazem nada mais
Do que mais preocupações
Tenho que amar-me 
Acordar-me
Querer dormir para acordar
Amar minha vida
Querer que ela seja longa e bem vivida
Tenho que querer amar ainda mais do que eu possa
Tenho que querer viver
Tenho que me dar todas as chances
A vida presta
Quero devolver-me
Quero viver afim de viver


Tenho uma coisa a dizer para mim enquanto vivo
Estou vivo e envolvido pela vida
Eu tenho que dizer
Indeciso estou
Entre estar vivo numa vida que não quero viver
E entre por esta porta e minha boca aberta
Entra a vida ávida
Preciso ser guiado
Estou cego
Enviada seja a sua vontade em minha vontade
Solitário não sei o que fazer
Como pode
Como pôde
Como pude
Ter nascido e vagido um pedido
Estou solíto
E solicito além de pão e sermão
Que seja um pai e irmão
Que ama esse eu que sou sua cria então
Sou eu
A mim
Enfim
Assim
Sem fim...






Nenhum comentário: