sexta-feira, 9 de agosto de 2013

horizontes a mais



Da janela olho a chuva
Meus olhos ariscos voltam-se a mim
Folhas em branco farfalham em minha mente
Se você quiser pode ver
Estradas suarentas mesclam-se ao aguaceiro
Aquela garota lá
Com sua sombrinha
E eu aqui por quê? Por quê?
Saio caminhando em direção ao PC
Meus dedos pianistas exigem de mim leveza
Para que eu saia da conivência e caia na estrada
Àquela suarenta mesclada ao aguaceiro
Ontem minha poesia valia
Hoje vale mais
Viver nessa mesmice dos normais é que não dá
Trabalhar no rádio, na TV ou no jornal tenho que me maquiar e não ser mais eu
Tenho que me salamiar
Não é ser humilde
Tenho que me humilhar
Fazer o que o povo gosta
Pffffffh
Só vejo as caras de salames dos artistas e jornalistas
Isso não se fala
Eles não vão entender
Os únicos espertos aqui somos nós
As letras guiam-me a verbos em ações
O que eles pensam tanto faz aos que estão de bolsos cheios
AS aves de rapina não gostam de poesia
As aves que ciscam no chão também não
O que faço ave?
Essa janela parece um galho
A chuva molha minhas asas
O olhar de pássaros veem horizontes a mais
E está mesmo sol na estrada acima das nuvens
Acho mesmo um pouso alguns momentos
Mas nada de repouso
Aos que não querem poesia tanto faz
Eles me acham uma criança
Adultos adulterados demais
Minhas asas estão batendo nesse teclado
Meus dedos estão apontando o caminho

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