domingo, 20 de junho de 2021

Sim eu sei é só uma canção

 

Está amanhecendo e eu preciso demais de mais uma

Está clareando não quero ver o sol

Chove em meu rosto

Geme minha voz

Mas quero mais e agora

Não escuto mais nada

Um celular toca em algum bolso

E eu preciso dele

As lágrimas de sentimentos somem dos meus olhos

Viro um lobo e corro atrás do que possa me fazer ter mais

A catástrofe se anuncia em uma remota lembrança de minha família chorando por mim

Estou aqui mais uma vez e vou me dar bem

-Perdeu!

Pela pinta errei o alvo

Uma arma se aponta em minha gente

E um estouro em meu ouvido

Abre minha mente

Duvido que eu saia dessa vivo

Pessoas rindo

Dizendo: Vai vida vida louca

Não faz falta

E deitado vejo o rio de sangue manchando o chão

O sol nasce no horizonte

Eu queria chamar ela

Mas somem minhas forças

Agora não quero mais nada

Queria um abraço

Contudo uma bala de aço em minha cabeça

Abriu minha mente tarde demais

Vejo agora que o amanhecer é belo

E que há poesia em amar a vida

Quem perdeu fui eu

Prazer pra quê? Pra me perder?

Pra ser sincero perdi desde o início 

O fim de viver

Vida louca dura pouco e não vale a pena

Minha alma pequena... não pensei

Não senti

Não me contive até ao amadurecer

Fiz dos primeiros meus últimos dias

Sei o que esses jornais que agora cobrem meu corpo morto querem dizer

Na edição de ontem a manchete dizia noite violenta

Foi um parceiro meu que morreu

Hoje sou eu

Ora vejam nunca li uma linha que fosse

Hoje aterrorizantemente leio que não tive freio

Deitado nesse asfalto por ter tentado me dar bem em mais um assalto

Deus to morto

Queria escrever um verso

Anotar uma conversa

Como me chamam mesmo?

Bandido morto...

Tenho um triste adeus para dar

Eu me perdi não encontrei vida que rimasse com minha rebeldia

Queria o que não merecia

Corria atrás de uma fuga sem explicação

Sem perguntas

Como eu ia saber algo?

Nasci só e morro só

O destino meu está escrito nesse jornal que me cobre

Não me cobre o mal que eu fiz

Estou cumprindo minha pena de morte

E o sol brilha atrás das páginas dessas folhas

E vejo tênis caros e vejo a rua

A luz do sol

Dá pra ouvir também as pessoas

Me difamando

E incrível eu as estou agora amando

As portas se abrem e eu

Calma e com alma aceito

Vivi uma ilusão fatal

Vivi sem arte

Não fiz minha parte

Parti sem viver de verdade

Não fiz nada para merecer estar nas estrelas

Mas...

O que?

Uma pessoa se aproxima de meu corpo morto

E atesta que ainda estou vivo

Vou voltar a vida e escrever um livro

Estou vendo amanhecer...

...O Sol...

...O Sou...

 

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