Estou matando um eu que há ou houve em mim
Ou
Está morrendo um eu que há e houve em mim
Cem perguntas
Cem respostas
Ouço ainda meus gozos de meus prazeres cobrando tantos
gemidos
Ainda gemo em busca de remédio para o que sinto
Estou na fossa da merda de vida que levava e me achava
Os sussurros de meus grunhidos burros ainda urro
Escuto o que vejo em meu espelho
Minha cara na sarjeta apanhando do sargento sardento
Pimenta malagueta ardendo em minha garganta
O estouro em meu ouvido é do tapão do carma vindo
Estou ainda ouvindo o que está vindo
Ouço minha mente desmentindo
O que tanto acreditava
Adolescência programada
Minha demência não reza minha inocência
Estou pagando o preço de ter sido da vida um adereço
O mundo é meu endereço
Assumo
Meu sumo sou eu em suprassumo
Esquisito estou sentindo isso
O peso do mundo
Um vírus invisível me fez ver isso
Que o abominável mundo novo que está vindo é consequência de
meus atos
E o remédio soma mais dor do que anestésico e multiplica
mais minha dor
Diferente do que procurava encontrei
E sei que as pessoas por mais boas que sejam não gostam de
ler
E meu remédio é escrever
E teimo em escrever pra
descrever o caminho que faço
Mas chega um tempo em que o caminho afunila
E forma uma fila
E...
O que fazer com o que aprendi até aqui?
Sou aquela cria que rança desde o adolescer
E agora ao envelhecer se ver
Reclama que não quer dormir numa cama feita por quem não
reclama
Chega ao apagar da chama
A morte chama e ascende
Ui dói
Mas não reclamo tanto
Amo tanto
Vendo um outro sol nascer no pôr do sol
Eu e só
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