sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Ei vou ei

As sombras das asas que não tenho teimam em ao sol aparecerem
Ceras que o calor não liquidaram
Exclamo eu sou
É longo o voo cego de quem não voa
É de nenhuma ponte
É numa fonte que me atiro
E rasa de vis metais
É tanta luz que ofusca minha vista
Mas não vou ser refratário mesmo ao mais otário
Explicação se dá a porteiro
Mas eu sou mesmo uma ave ops
Digo uma gafe
É o amor pelas palavras que me move
Veja em meu lábio o meu labirinto
Minha língua lambendo tudo o que sinto
Sorte que eu tenho
Ter tanta luz
Para eu nessa vida contente lamber minha ferida viva
Eu um incapaz de aguentar a rotina de uma vida todinha
Tipo oito meio dia uma às seis
Tenho ciúme de vocês
Nisso normais
Só nisso
Nada mais


Compreenda que não é por que quero
Eu não consigo viver
Me ver numa rotina
Mesmo que cada dia diferente seja uma rotina mais cansativa e estressante
Jogo o jogo que abranda esse meu fogo
Prefiro mirar com os meus olhos cheios dágua
E brilhar à combater esse incêndio
Corro vazio
Vá cio preencha-se de vazios
De lacunas intemporais
Essas que não habitam por entre minhas têmporas
Palavras que sulcam minha mente
Cavocam
Provocam
Provam me viver
Profundo
Profano
Leve
Leviano
Que beleza maior há em mim
Para que eu possa demonstrar que esse meu trabalho
Da qual sou eleito
Sem nunca alguém em mim ter apostado
Simplesmente na vida ter-me jogado



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