Lampejos que morriam nos braços da noite
Onde a mente me escondia na razão
E nem o coração me achava
Quando a alma me procurava
La fuerza della Vita me questionava
Olho para a mesa farta de trago
Que nada traz ao trigo de cada dia
Além de um amanhã de azia
Prazeres que nada diziam
-Queres então abandonar-nos?
Anos fomos parcerinhos
Sem vocês fico a noite contando carneirinhos
E nada do sono enriquecedor vir
Para explorar as jazidas do amanhã
Falsamente me querem fazer crer
Que o sofrimento que me causam
Pelos desatinos drogaditos
É a promessa de felicidade
Como um escravo de vocês
Posso pensar ser feliz assim?
A paixão
Esse incêndio voraz que toma conta da gente
Quando a carne é fraca
Que por qualquer fala fácil
Logo encontra uma de boca no falo
Eu do mais sublime Eu
Sei de felicidade sem artifícios
Essas vendidas em bares ou esquinas
A felicidade que busco SÓ na VERDADE
-Mas quem te garante que não renúncias a felicidade
Por uma ilusão fantástica
Mais falsa que nossa sensações
Confias de mais em tuas forças
Sempre recorreu a fugas
Serás capaz de viver sem nós?
Estremeci
Estava vulnerável
Fraco diante do mau hábito
Do vício propriamente dito
Senti da serpente o hálito
No pescoço o dente no adito
Há na vida outras vazões
Por onde saia o infinito íntimo
A sublime existência jogada em semente
O broto a brotar na vida bem vivída!
-Espera
Mas e o prazer que te dei até aqui?
Não podes se desfazer de nós assim
E tua nobreza?
E quando quiseres voltar?
Apresento-te meus prazeres
Que sei bem conheces
Sinta nossa força nesse desfile de delírios:
Estonteei em vertigens
É como ver belas virgens desfilando nuas em minha frente
Num banquete onde serviam tudo de mundano e GRÀTIS
Uma deslumbrante parada
Gatas lindas com carreiras de cocaína em seus regos
Largas doses de bebidas nas mais rosas vaginas
Baseados em depilados ânus servindo de maricas
Jogos dos mais diversos valendo boquetes por baixo da mesa
Aquela fuga do happy hour
Papos de mesa de bar (vazios e evasivos)
Lança perfumes em sedas embrulhando lindas tetas
Picanhas servidas gordas como os grossos lábios da morena
Zonzo eu
Fiquei num vai e vem
Que não fui
Disparei minha imaginação ao horizonte
Despontando o primeiro raio de sol da vontade
A esperança vencendo o duelo com o desânimo
Me ajudando a proferir um enérgico EU SOU
JAVÉ já vou
A dúvida que forrava a minha carta de alforria
E fazia a farra como queria
Se perdeu
Ferramenta És disse Sou Eu
Então serei eu mesmo
Que dolorosa luta interna
Dois eus em mim
Um do fim
Outro que mereço
Do recomeço
Áh!
Hinos
Sinos
A agonia desesperada ouve o toque
E sai em disparada
À calma despertada
Com a alma empolgada
Me digo
Volte que te digo o motivo
De uma vida sem crivo
Cravada de alegrias
Sem diamantes nem algemas
Soluçando solucionando
Verdades sem esquemas
Dos clarões do céu de minha boca estou falando
Quero dançar meus lindos textos
À melodia de leituras suaves
Como aves a voar leve pelos ares
Quanto trabalho por fazer
Fazendo a continuação dessa tábua
Surfo em águas salgadas
Que jorram pelos meus humores
Surfo no pranto de plânctons
Planto a semente da verdade em meu coração
Rego-a com as águas da emoção
Salivo em mi boca a boca
Tipo eu meu salva-vidas
Minhas células uníssonas em brados
Gritam
Enchem meus vasos do mais puro e renovado sangue
Aplaudem meus órgãos
Me fazendo o suor da vitória constante
Eu comigo resolvendo
Com minha carne e ossos
Comovido pelo ofício
Que todos têm na vida
Percebo agora que me escondia atrás de mim
Que no reflexo no espelho ainda não era eu ali
Meus olhos se moviam
E nada de me achar
Nunca havia me visto verdadeiramente
Apenas pequenas vislumbrações
Aquele reflexo naquela aparência vazia
Nada em minha cara era minha
Aquela fuga de mim mesmo
Como um dia iria dar certo?
Era a morte em vida escondida
Armou-se em mim uma tempestade
Era outra madrugada de insônia
A dádiva se formando no éter
Eu ali fritando
(Levanta-Te)
Levanto-Me
Abro a janela
Em minha cabeça a água divina cai
Uma chuva fina que parecia engrossar ao me ver
Ao céu Me indaguei
Em luz a resposta
Eu pagão supliquei
Em relâmpagos a relação firmei
O firmamento é a minha voz íntima
Respondi-Me ao dia despontando
Saudando a aurora
Em silêncio a outrora
Eu mudo mudando
Como dizer ou descrever
O indizível e indescritível
A não ser essa vã tentativa
Os rumores cessam
Aumenta o silêncio
Ondas mentais conscientemente calmas
O coração bumbo marcando o som profundo
A bonança após a tempestade de inquietudes
A luz vinda do infinito continuando a vida
Uma profunda volta por cima
Circular a helicoidal existência garante permanência
Atitude só a solitude proporciona
Senhor contigo estarei onde for
Vós dou-Me em retorno
Por Elo de Agostinho a Rohden
segunda-feira, 22 de março de 2010
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