sábado, 4 de novembro de 2023

APRESENTAÇÃO

Se vcs acham que vão calar a boca de minha solidão 
Isso não 
Solidão é tua vez de falar 
Seja franca tome minha vida aos goles 
Solidão 
Essa praia é minha 
Ninguém vai invadir 
Sou um selvagem que não quis ser domesticado 
Então a solidão é minha mão n'Eu
Sou um resistente 
Mordo meus dentes e língua 
E ainda sobra energia pra viver essa solidão 
Solidão 
O fogo incendiou a paixão 
E quemei todas as sobrancelhas e chances 
E sigo só em solidão 
Ninguém me entende 
Nem a mão estende 
Fracassei sei 
Mas eu tenho em minhas mãos eu
Em solidão 
Me ofusco
Me busco 
E sigo 
As vezes penso que não dá mais 
Mas vem outra onda de alívio 
Um dilúvio
Eu nau naufrago
E tiro sarro de mim mesmo 
Ando pelas ruas sozinho 
Não gosto de muita gente 
Poucos amigos 
Na verdade muito pouco  
Resistiram a bomba atômica que me sentei 
Explodiu-me 
Eu sei ser livre demais é uma prisão 
As noites longas que o digam
Largo mais um petardo 
E retardo minha revolta 
E volto a tentar 
E eu sei que eu não vou voar 
E continuo a me atirar 
Nessa ilusão de ser 
Nem sei mais o quê 
E bem sei que não sei o que fazer 
Eu não quero fazer nada que possa 
Sou uma cria do impossível e por isso 
Vivo em solidão 
Afinal eu não sei se ontem o que sofri já pagou o que pensei
Meu calção me emprestou uma corda
E eu estiquei meu penar ao meu pensar
Ele veio em oração
Elevei meu ser ao coração
E joguei o jogo
E provoquei o átomo a tomar a direção
Em meu universo outro se cria
O que mais queria?
Disse eu a mim crianção 
Quero ser de mim toda a criação

quinta-feira, 2 de novembro de 2023

Curta “Omelete”

A CAMA ESTÁ FRIA NÃO CONSIGO DORMIR O CACHORRO ESTÁ LÁ FORA LATIR NA PAREDE UMA FOTO -DE UM SORRISO QUE NEM SEI SE DEI -ME SORRI SACUDO A POEIRA DE MEUS VINCOS EU SEI ESTOU NO OLHO DE MINHA VIDA FURACÃO O CHÃO TREPIDA A CADA PASSADA NESTA CASA DE MADEIRA MESMO ASSIM LEVANTO E ESCREVO... Na história do curta “Omelete” podemos notar medo, vício, revolta, paixão, alegria e poesia. Equilibradamente antropofágico, onde um personagem come o sentimento do outro, e ao mesmo tempo, em detrimento do próprio se liberta, desoprimindo e criando uma atmosfera de respeito com a identidade do outro. O vício é o fio condutor que os conecta aos mesmos momentos e sentimentos, causando identificação e cumplicidade. Assim estabelecendo um diálogo produtivo, mesmo que todo voltado à obtenção e consumo de drogas. Percebesse algo mais do que destruição no submundo das drogas, a busca de outra realidade na inação de se drogar é causa e efeito. Detectar sentidos nos sentimentos de cada personagem e reconhecê-los os demonstrando, se torna uma necessidade na narrativa dramática do vídeo. Pois a emoção balanceada ao raciocínio ilógico projeta a fita ao mundo surreal que os drogados tanto buscam em seus devaneios e desatinos drogatitos. Vivem imersos no caos, numa matéria sem forma. Nestas energias soltas, montam-se estruturas que dissipão a revolta e violências espontâneas. No raciocínio ilógico da tentativa de Doud de ser uma ponte do abismo social, existente entre pobres (sem cultura) e ricos (herméticos intelectuais), surge a lógica do espírito de nossa época, o hedonismo. Os pensamentos o trituram e o martirizam, afinal como ser normal num mundo tão desigual. E mais, a mídia que mostra tudo o que eles não são e não podem ter, e noticiários que propagam medo, morte e erros. Tudo isso massacra a sua mente pensante. Vivem nesse dilúvio de más notícias e consumo desenfreado, mas tornam este estado caótico em esperança surreal numa criatividade na luta pela vida. É humanamente possível sobreviver ao caos, já que este impulsiona a criatividade e genialidade humana. Ali está o ser humano em estado puro. Do caos ao cosmos, seus intelectos reagem de formas disformes a uma mesma meta, a de tentar ser feliz a qualquer modo, mesmo que numa breve viagem. Nesse caos social navega fragmentos, pedaços de uma sociedade mesquinha, de famílias fartas de luxo, nutridas a miséria de outras famílias, de crianças, de velhos, de sonhos e desejos do povo. Uma das figuras urbanas mais impressionantes, ícone dessa condição, é o poeta, catador de palavras ativas, as junta com seus pedaços em farrapos, recicla, recria destinos óbvios em sua mente ululante. E a emergência com que surgem em seu rosto lágrimas, que depositadas em suas pálpebras nublam o teclado ou a ponta da esfera de seu caneta,. O mundo circula em órbita própria na criação humana de um crianção. Doud, uma cria do que não queria, o produto de um mundo prostituto, seu trabalho; olhar para seu caralho e tratá-lo de forma produtiva, esquecer sua paixão por uma só mulher, e amar a todos como um irmão. O que de fato descobre-se ao ultrapassar o umbral pensante do ser, até chegar ao Sou. À esta incessante busca surgem os pensamentos mais elevados, portanto sublimes e eternos da humanidade. Assim em seu auxílio conectam-se Prometeu, o acorrentado (pois estão acorrentados aos vícios e desejos), Hamlet (atualizando o ser ou não ser – o ser está perdido nesse caos do ter), Dom Pedro I (independência ou morte - liberdade do vício, conformismo e consumismo) e Jesus Cristo (o martírio de encarar a realidade do que tornamos nosso mundo). Á conquista de um espaço na sociedade começa na união de pessoas com os mesmos ideais de vida, no reconhecimento da dignidade, no voto de confiança, no acolhimento. Enfim na criação de uma família escolhida e adotada, digamos assim, uma família feita por afinidade, não somente por imposição consangüínea, sendo que todos somos irmãos em espécie. Os que estão na margem, unidos busquem o centro por meios dignos. Que se acolham entre si não só pela carência, também na divisão de experiências e conhecimentos. Sim, dar pérolas a todos; ao filho perdido de uma pai também perdido; a uma mãe desolada de uma filha também desolada; a todos por todos, já que somos um todo enquanto sociedade. Essas experiências trarão a boa informação em abundância e de graça, enlaçando as pessoas no ideal mais que humano em nós, o ideal de felicidade. Ao curarmos nossas chagas sociais, criaremos indivíduos mais contentes e compreensivos uns com os outros. A desigualdade é tamanha que nos parece piegas ou obsceno, mostrar a condição de vida do pobre. E de fato não mostraremos a vitimação do pobre, mas sim suas soluções práticas. A multidão de pobres querem o que precisam, e não precisam ser carregados para isto. Não é necessário ir mais fundo na condição do miserável, este ao ser sacudido percebe naturalmente o que fazer, mesmo sem uma reflexão mais sofisticada. Percebam que não estamos buscando culpados para o caos atual, mas sim compreendendo as causas desse horror e violência que aí estão. Portanto é necessário que a sociedade distribua um conhecimento realmente alcançável e útil a essa maioria desassistida da boa informação. Visando um mundo de amizade e fraternidade intelectual.