Mais um dia vem
Na vila chove ao amanhecer, um dia úmido e cinzento
se anuncia. A luz fraca, na favela, ilumina os olhos corajosos dele, Ó, o
monstro, o jovem injustiçado.
Tudo muda, o tempo muda
O farfarlhar pelo chão, os fantasmas das folhas mortas, restos das árvores
tortas, deformadas pela terra que nos enterra. O que nos diz o vento?
Faces opostas da desigualdade
Ao lado um rico domínio separado por um muro alto e branco, lindo. Uma casa chique, com uma menina linda.
Olha e vê...
Ó, sobe no muro alto e branco, caminha no muro alto e branco. Tudo claro! Vê a beleza das meninas dos olhos de uma menina. Tão linda! Seu nome imagina: Gata gata.
Alpinista aqui, a cavalo
A angústia tempera atos na medida exata de coragem
e ousadia e rebeldia. Ó, caminha no muro alto e branco, enquanto vê a menina linda, pra ele Gata
gata.
Câmeras a postos
Um beco sem saída nessa miséria nascida. Um vagido vigiado. Vigia o
vigia, sua parceria.
O sol brilha mais
ainda
Gata gata, espalha seu lindo corpo em
volta de uma piscina, se deita e recebe o flash da luz solar...Ó, a olhar a sua bela pele
a brilhar.
Figura fantástica
Ó, caminha no muro alto e branco, se desequilibra e chama atenção
de Gata gata. Que olha...
"Oh, não pule, menino!"
Ela, de lá grita um tanto alarmada. E diz mais: "É muito alto."
Cavalo aéreo Pégaso
Ó, se senta no muro alto e branco, como se estivesse montado em um cavalo branco.
Alta e angulosa visão
Ó! Seus
cabelos escuros espetados pela claridade, brilham ensebados...
Um símbolo lábaro ostentas
Ele não presta atenção à declaração alarmada da garota. Salta como um gafanhoto para o chão ao lado dela, onde poderia muito bem ter quebrado as pernas no chão, na terra. Pátria amada, isolada...blábláblá
Inspirou Ó, a aquela visão
Falou sua versão. Ó, diz: Posso parecer, mas não sou um ladrão.
Alpinismo (proibido) social
Não tenho dúvidas Gata gata transpareceu. Ela, diz: Sou dessa bela casa ao lado desse beco desolado. Você nasceu do lado errado do muro, não vejo que seja errado escalá-lo.
Não sei o que fazer sentiu, Ó
Nunca sabemos o que fazer, mesmo assim fazemos.
Dr Alfa, pai da Gata gata
O quê? Grita lá do alto, da janela, grita o pai dela.“Eu mesmo, com frequência, não sei o que fazer, mas sei que estou do lado do muro que mereço.”
Soou o alarme de sua segurança
A segurança chega e pega o
rapaz pelo pescoço e joga na viatura úmida e cinzenta.
Óóóóóóóóóóóóó!!!!! Cantava a sirene da viatura, enquanto
levava Ó. Chove e o dia continua nú, úmido e cinzento...
Nenhum comentário:
Postar um comentário