As injustiças da vida
É um crime não olhar pra fora do carro
Aquela criança
Aquele anjo
Aquele velho
Aquele marmanjo
São todos muito especiais
Ninguém é um ser espacial
Todos nascemos de moleira aberta
Ligo o limpador de vidros de minhas retinas
Tanta gente perfeita
Mas o prefeito nunca pisou nesse chão
Fale baixo o governo trocou
Ai, não! Maricota* de novo não
Sim, isso pra quem já passou nunca passou
Abro a porta do carro e corro
Não
Antes eram bandidos me tirando
Agora é a polícia atirando
Somente a poesia me tira daqui
Escrever não vai voltar a ser crime
Fomos demais para a esquerda
Agora vamos virar demais para a direita
Isto é a manobra para depois centralizar
Tipo assim numa régua que não sabemos ser de trinta cm
Vamos até o zero cm e depois até o trinta cm
E assim descobrimos que o meio é 15cm.
Tudo na vida precisa de uma medida
A poesia é a régua
*Choques elétricos
Fomos demais para a esquerda
Agora vamos virar demais para a direita
Isto é a manobra para depois centralizar
Tipo assim numa régua que não sabemos ser de trinta cm
Vamos até o zero cm e depois até o trinta cm
E assim descobrimos que o meio é 15cm.
Tudo na vida precisa de uma medida
A poesia é a régua
*Choques elétricos
As máquinas usadas nessa tortura eram chamadas de “pimentinha” ou “maricota”. Elas geravam choques que aumentavam quando a manivela era girada rapidamente pelo torturador. A descarga elétrica causava queimaduras e convulsões – muitas vezes, seu efeito fazia o preso morder violentamente a própria língua
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