sexta-feira, 23 de maio de 2014

Espelho

Espelho, espelho meu
Quem sou eu?
A que vim?
O som dessa pergunta ecoa pelo ar
Pela reflexão de minha imagem nesse espelho
Espere
Espero
Onde estou?
Quem está ae? nesse reflexo desse aço
Minhas mão fazem acusações 
Por esses meus dedos escorre sangue
Eu?
Será que sou eu mesmo?
O que há? O que está se passando?
Algum
Alguém de meus eus 
Digam algo
Não quero ser mais
Mas nem menos
Eu vou ao fundo de mim mesmo
E de lá volto com a certeza de que há mais
Amai vos uns aos outros diz uma voz
Aproveito minha gangorra de sentimentos e pensamentos
Minha masmorra
Sodoma
Só não tomo mais um gole dessa cicuta
Que torna minha vida cada vez mais curta
Fantasio essa minha mania
De me tratar
De ser meu próprio analista
Listo meu passado
Caminho por essa floresta densa de mim
Cercado por luzes e sombras
Minha imagem refletida
Refletindo em cada ruga minha vida
Será que eu sou assim?
Uma canção azul vermelha meu sangue
Ou não
Estou novamente renovando minha mente
Passos preenchendo cada lacuna
Ui
Um passo ao lado e o mesmo lugar reflete outra luz
Em cada ferida um pus me conduz
Defesa
Ai, lágrimas salgadas
Esse mar do qual minha nau
Um dia sei
Aliás não sei
Sou meu quintal
Flagro o meu ser querendo mais
E sai de mim um horrendo medo do que possa ser
E o fim ali tri afim de mim
O pai luz soletrando uma imagem pictórica
Justapondo em uma escura e fria mesa
Uma refeição
Meu corpo
Canibalmente assombro me
Mas como
Não compreendo
Essa página branca de medo
Agora cheia de letras representando um sentimento
É que as vezes sinto cada centímetro cúbico dessa terra sobre mim
Eu
Será que eu sou assim?
Retorno ao aço
Espelho
Espélho
No fim somos todos iguais
Luz e sombra refletidas enquanto nossas retinas
Vivem essa rotina de estar sempre vivo
E é noite
E é dia
E há eu
E há você
Há nós
Nos atamos
Quando em nós mesmo entramos




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