terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Um Espetáculo grotesco, excessivo.

Frases de efeito espalhadas em mosquitinhos.

O Junk chega com as mãos algemadas entre as pernas, dois seguranças o acompanham, um de cada lado.
O espaço cênico é formado com as pessoas posicionadas em volta, em círculo. A ação é apresentada no centro, estilo picadeiro de circo.
O Junk cai no chão, ao centro da ação. Pai, Mãe e namorada falam de suas atividades depois que se viciou. –Todas as personagens verídicas. O Junk,com mito esforço, levanta. Olhando por baixo balbucia: Pai estou tentando sair dessa, me ajuda se eu fraquejar? - Dentes sujos de Nescau – representando estragados.
Cai o celular do segurança, Junk o pega e guarda na cintura. Depois é flagrado, julgado e condenado.
No chão com dor, frio, medo, vergonha, enfim entregue ao inexorável destino de todos fracos, desiste. Jogam um pano preto em cima de seu corpo. Familiares e segurança olham friamente para aquele patético fim. O Junk é levado.
Retorna alguns minutos depois revigorado, é trazido um banquete com frutas, água e folhas com versos.

Gueto
Marcelo D2
Composição: Marcelo D2 e Catra
Eu 'tô' na rua e vejo a vida como um vídeo clipe
Problemas passam como um clique!
Armas e brinquedos
Se confundem na mão de uma criança
Eu até entendo quem não tem mais esperança
É que eu vim da zona norte
Um lugar pobre
De gente honesta e humilde
Mas gente nobre
Você tem que andar na linha
Se manter no bolo
Não se assuste, esse é só o começo do jogo
Primeiro um flash
12 ou 13 coisas para resolver
Não dá nem tempo de pensar no que fazer
E outro flash
E fica tudo preto
Vamos tomar o poder ou continuar no gueto?!

Refrão:
Você quer sair do gueto
Mas a sua mente é o gueto
Você quer fugir do gueto
Mas o mundo inteiro é o gueto
(2x)

O que não me derruba fortalece
A sua polícia não me causa estresse
Paz e liberdade é o que todo mundo quer
Mas o que 'cê' 'tá' disposto a perder
Quando tal paz vier ?
Quer falar de gueto ?Fala Rio de Janeiro!
De paraíso a mais sujo puteiro
Respeito a quem sobrevive a isso tudo
E não precisa mais temer o mundo
Debaixo dos planos
'Tá' no orgulho suburbano
Um pouco de europeu
Um pouco de africano
"Acho que fui traído"
Ah! Puro blá blá blá!
'Tá' na hora de levantar e lutar!
Evolução a qualquer custo ?
O dinheiro manda ?
Mas a rua vai ficar é com o samba!
Política do medo
Todo mundo roubando
Mais nunca vão roubar a alma de um malandro!

Refrão:
Você quer sair do gueto
Mas a sua mente é o gueto
Você quer fugir do gueto
Mas o mundo inteiro é o gueto
(2x)

G-u-e-t-o! 'cê' sai do gueto mas o gueto não sai de você!
Re-vo-lu-ção! tudo que eu preciso e de um mic na mão!
E não preciso abaixar minha cabeça
E nem preciso falar mau de ninguém
O que eu preciso é me focar no meu trabalho
Me focar na minha família
Que aí o meu sucesso vem!
Rema, rema
E não sabe o que quer
Pra quem não sabe que caminho vai, pega um qualquer!
Me diz aí!
Vai ficar sentado no gueto
Ou vamos ser parte de algo e escrever o enredo?

Refrão:
Você quer sair do gueto
Mas a sua mente é o gueto
Você quer fugir do gueto
Mas o mundo inteiro é o gueto

Um Espetáculo grotesco, excessivo... Uma representação da dor no poeta que inutilmente vocifera suas angústias e sonhos.
Ao público importa o espetáculo de dor e impotência. Importa não o que crê, sim o q vê.
A história se constrói no momento, sob o olhar atônito do espectador. O ator faz exatamente o que o público espera q ele faça ou não. O racional e o irracional se unem. Nojo, repulsa, compaixão, comparação... A decisão e a indecisão, o agir ou não. Tudo o ir, o vir, nada fica em vão. O sentido das palavras q as pessoas querem escutar se tornam ora explicitas outras em segredo ao ouvido escondido.
O ator se joga ao chão perdido, vencido. A poesia o ergue e o atira novamente ao chão. Um ringue íntimo exposto ao delírio. A dança inquieta da mente igualmente inquieta.
Traições, crueldades e vinganças tramam-se nas entranhas. Essas vozes tão estranhas soam e suam...
O aspecto físico extrapola ao espírito chocado chocando palavras...
Pierrô quer ser o piegas, auto-comiseração em plenitude. O sofrimento é o combustível da constante e, desorbitada falta de espiritualidade de sua condição humana. A derrota é o motivo da volta vitoriosa. Agora com calma e com alma.
A chave virada ao arranque de uma imagem cansada, mas virtuosamente plena. Ali jogado ao chão, lutando contra todos, contra si, a favor da vida natural. Paga pelo que faz.
Cruz... pelourinho... furor...
Se exibe como um grande perdedor. A regra é não ser normal, mas absolutamente ñ rejeita a normalidade, pois esta é a sua busca. É uma desconstrução progressiva da conjuntura atual. Uma lição de essência e experiência significando q o tempo é menos ou mais como eu mesmo. Conforme minha fome.

Imprevisível louco levando a vida. A moral amoral. Irritantemente inteligível o ex-catch desvenda o sonho posto a venda.

Nenhum comentário: