Livremente adaptado de "A República" de Platão . 6° ed. Ed. Atena, 1956, p. 287-291
Em estado de embriaguez vocifera, ora em cima, ora em baixo das mesas do bar. Em mãos silencia até ao mínimo sussurro ouvir de si. Uma surra etílica em processo bulímico em líquido ejeta-se. Voam boca a fora, misturada a palavras, pedaços de carne do churrasco mal passado de outrora.
Imagina-nos encerrados nesse bar, entornando esses caldos até isso um poço se tornar.
A boca desse poço é pequena, para se salvar é preciso refinar-se. Só uma criança passa por esse orifício. Vou regressar assim.
Desde a infância preso ao medo do desconhecido, vivo. Estou com medo, por isso bebo. Aos mui corajosos lembro todo excesso é perigoso.
Uma luz bruxuleia refletindo uma face (a minha?) no copo. Só um pouco ilumina a mina funda e nela viaja o trem da suposta, mas falsa, alegria.
A idade adulta, esta incerta distância da infância, me presenteia de momentos eternos e internos. Cada frase solta me prende a reflexão. Deito-me no chão, ao céu nublado de minha curta e dupla visão. Dúvidas do preço pago por essas noites mal dormidas? Não. São essas palavras anotadas que decifram minha esfinge. Natureza artificial essa minha adita.
Entornando copos e mais copos. Somos corpos presos em pescoços de intimas gargantas secas. Secas de esperanças. Loucas. Tanto que não percebemos o beijo da vida nos soprando ilusões benditas.
Fogo só pra acender esse crivo que crava uma faca e corta ao meio a vida.
Atrás de cada porre se esconde um minuto de consciência.
Marionetes do destino somos ao que nos propomos.
A rua desnuda se mostra noturna. Soturna guarda-se a luz ao seu amanhecer.
Amanheceu em meu eu. Me sou. Me some o desejo de beber. Sou homem. Homem é o que sou. Não um rato em volta de um balcão, em migalhas percebendo a vida esvaída indo latrina abaixo.
Saio do bar e retorno ao lar.
Como quero lhes contar o que passei para passar dessa fase, que por um detalhe não se tornou um encalhe de minha nau missionária.
Não!!!!!!
Esse amanhecer me tonteia, mais que o trago. Mas resisto, por que sinto que preciso. Beber não é preciso. Poesia desata esse nó dessa gravata que me mata.
Quero lhes contar que só tem sombras e sobras nesse bar, mas vocês não vão acreditar. Não vou me gastar por tentar, é por gostar de ajudar que me ajudo.
Pois agora vou aplicar toda a minha reflexão para me salvar do antro subterrâneo que é o mundo bar. A poesia que me ilumina é a luz do sol. O bêbado que sai sóbrio do bar é um mentiroso de mente rosa. Mas o que dos extremos limites do vício volta, sabe o caminho, mas não deve se arriscar a voltar.
Porém com sabedoria pode se ajudar ajudando. Sem hipocrisia ser louco nesse mundo louco é pouco. Tenho é que a cada dia acertar ações convenientes ao meu estado nesse mundo.
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
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