sábado, 3 de outubro de 2009
Kramer x Kramer x Atualistas x refle x ões
O poder está em suas câmeras
?
Não é fácil ser o que se quer
Mas é preciso querer e querer mais
Nadar com um não na mão
Contra essa correnteza de sims
É pôr em ação mente e coração
Corrente de mãos, razões e emoções
De cada um em si ao mais que há em nós
Pois a força está depositada
Desconta-la é conta-la
Vamoh lá!
Paz
Amor
Chega de tanto faz
Seja um a mais
A pensar em todos nós como adulto capaz - Crâ
Por Atualistas
Kramer x Kramer
O objetivo deste texto é fazer um link entre o filme “Kramer x Kramer” (1979), e a Psicologia do Desenvolvimento – idade adulta e velhice, que traz discussão sobre outra importante fase do desenvolvimento humano que é a idade adulta, momento marcado por grandes experiências no campo mental, emocional e comportamental que influenciam a vivência diária, sendo algumas vezes determinante em alguns eventos.
O ser humano então é considerado adulto a partir de determinados eventos próprios desta fase e não meramente por uma definição cronológica. Espera-se que na idade adulta haja uma definição no campo profissional e social que promova certa estabilidade financeira e emocional, gerando relacionamentos afetivos mais estáveis, uma maior independência. A aparente proteção presente nas primeiras fases do desenvolvimento (infância e adolescência) não existe mais nesta nova fase. A maturidade para encarar escolhas feitas e responder por elas de forma responsável são posturas que marcam esse estágio.
O filme acima citado traz eventos importantes que caracterizam a fase adulta: relações humanas, escolhas, valores, mudanças e responsabilidades. O filme, um drama familiar que se inicia com uma situação muito complexa: a mãe, Joanna Kramer (Meryl Streep), mulher cansada da vida desmotivante que levava e passando por uma crise existencial, comunica a seu esposo, um bem sucedido publicitário, sua decisão de deixar a casa, ele e o filho. Ted Kramer (Dustin Hoffman), diante da evidência do fato que sua esposa não retornaria, sente-se desorientado. Passados os primeiros momentos de dor e de angústia, Ted entende que ele deveria assumir outras responsabilidades além da área profissional e manutenção econômica da família e então abraça a paternidade com o apoio de sua vizinha e amiga Margareth.
Com o passar do tempo Ted percebe a missão grandiosa que assumiu e busca a adaptação com as novas exigências. Percebe então a dificuldade de conciliar as necessidades que são o trabalho e a família. Joanna retorna num momento igualmente delicado onde a relação entre pai e filho alcança patamar de estabilidade e grande envolvimento afetivo como não havia antes da sua saída do lar.
O casamento é considerado um dos eventos normativos, ou seja, eventos sociais que a maioria das pessoas experienciam. Erik Erikson fala da Intimidade como uma das etapas que marca a vida adulta. O perigo desta etapa é o Isolamento, que significa a incapacidade de estabelecer profundo comprometimento pessoal com os outros. Ted Kramer experimentou sentimentos variados com a dissolução do seu casamento que lhe aparentava ter base sólida. Apenas quando sozinho é que compreende que sua ausência foi um fato importante que pesou na trágica decisão de sua esposa.
Eventos incomuns que não podem ser previstos, são chamados de não-normativos. Os eventos não-normativos marcam a vida das pessoas assim como os normativos, a diferença é que os primeiros mudam o curso esperado e o segundo, muda a vida mas é esperado. O divórcio de Ted e Joanna, o abandono do lar, da vida conjugal e o fato de abandonar o filho, encaixam-se aqui como eventos não-normativos por modificar o curso do que era esperado dentro de um evento normativo que é a união de pessoas adultas.
Ted precisou agir com maior maturidade e comprometimento diante dos desafios que se mostravam à sua frente: separação, tutela do filho, a perda do emprego e a briga no tribunal pela guarda definitiva. O filme é considerado um divisor de águas pela decisão final da mãe ao abrir mão da guarda concedida pelo juiz em prol do marido. Atualmente a guarda compartilhada acaba com aquela regra de que o filho deve sempre ficar com a mãe.
Interessante colocar uma curiosidade descoberta nas pesquisas acerca do filme é que o ator principal, Dustin Hoffman, enfrentava na vida real algo muito parecido com a proposta do filme, o que o levou a não querer participar da filmagem por achar que seria muito doloroso e que ele representaria sua própria história. Mas acabou concordando, desde que pudesse influenciar no roteiro e diversas passagens foram baseadas na própria história de vida do ator.
Enfim, adultescer é um processo natural, faz parte do desenvolvimento humano, e o avanço nas diversas etapas da idade adulta traz experiências simples e complexas, mas sempre com grandes ensinamentos que promovem transformações biopsicossociais permitindo o amadurecimento do indivíduo.
Por Núccia Gaigher
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